Ilha de Concreto

Num País de leitores de títulos e linhas finas – quando muito se chega ao lead de um texto no jargão jornalístico – a Ilha de Concreto segue abrindo caminho com alguns textões, muita música, reflexões, entre outros. A você, raríssimo leitor, que chega por aqui e prestigia este cronista, envio um comovido agradecimento. e o convite para divulgar aos seus contatos essa nossa aventura.

– Eu vou precisar de um produtor cultural para cobrir a Feira do Livro e vou te chamar.

A fala é do professor de rádio e diretor da Unisinos FM 103,3, Paulo Torino para esse encagaçado sujeito em 2001. Algumas aulas mais se foram, e o homem só me lembrou de ficar escutando a emissora para me ambientar aos comunicadores e ao estilo da mesma.

Por muito tempo não disse mais nada e eu até pensei que ele tinha esquecido do assunto de me chamar para produzir a Feira do Livro de Porto Alegre daquele ano.

Mas, após outra aula, ele sacramentou:

– Vai na minha sala amanhã à tarde.

Eu, que trabalhava numa produtora de vídeos como roteirista recebendo trocados, dei adeus ao trabalho insalubre e voei para São Leopoldo.

Fui apresentado por Torino à equipe e tenho especial lembrança de falar com a locutora Márcia Ganzer, a quem eu ouvira nas tardes que antecederam a reunião que selaria minha vinda.

No dia seguinte cheguei cedo – costume que nunca perdi – e, de tão ansioso, fui almoçar com meus mestres Torino e Pati Weber sem conseguir tocar na comida. Tremia horrores.

Naquele dia produzi exatamente duas miseráveis notas. E todos me disseram, confiantes.

– Vai embalar, não te preocupa.

E embalou mesmo.

Anderson Passos

Posted on