Ilha de Concreto

Num País de leitores de títulos e linhas finas – quando muito se chega ao lead de um texto no jargão jornalístico – a Ilha de Concreto segue abrindo caminho com alguns textões, muita música, reflexões, entre outros. A você, raríssimo leitor, que chega por aqui e prestigia este cronista, envio um comovido agradecimento. e o convite para divulgar aos seus contatos essa nossa aventura.

Categoria: São Paulo

  • A cerca de um dois meses atrás, mais ou menos, a Oi – que eu pensava que havia falido – começou a me importunar quase que diariamente.

    Ligavam, nada diziam e desligavam a chamada de súbito, antes que eu pudesse mandá-los para a casa do capeta. E isso me enfureceu deveras.

    Bem, descobri se tratar da Oi porque um atendente – ou um robô inanimado – deixou escapar uma gravação onde a empresa dizia estar oferecendo internet via fibra na região central da capital paulista, onde moro.

    Em que pese a Claro estar prestando um serviço desabonador, para dizer o mínimo, eu não achei que migrar da Claro para a Oi iria provocar grandes revoluções em relação à minha conexão à internet.

    Daí que passei a bloquear diária e frenéticamente os números deles, que me acionavam ao telefone nos três turnos, pelo menos, inclusive aos finais de semana.

    Assim, se alguém da Oi estiver lendo este escrito, eu peço encarecidamente que me deixem em paz. Do contrário, um atendente de vocês que ousar me dirigir a palavra, será ofendido inapelavelmente pela audácia.

    Pela atenção, grazie mile.

  • Dia difícil esta quinta-feira (16): de uma só vez se despediram do caminho Washington Rodrigues, o Apolinho, notável torcedor do Flamengo, o italianíssimo e doce Antero Grecco e um dos pais da matéria Silvio Luiz.

    Não os conheci pessoalmente. Mas a saída do trio de cena nos deixa mais pobres como País.

    Reza a lenda que Apolinho, que já treinou o clube do coração numa aventura à la João Saldanha (que treinou o Botafogo), emburrado ao acompanhar um jogo ruim como repórter de campo, apanhou a bola e entrevistou a maltratada do dia. Criatividade pura.

    Antero Grecco passou por diversos jornais, quando estes dedicavam páginas e ais páginas ao esporte bretão. Mas no SportCenter, na ESPN, ladeado do Paulo Amigão, formaram a dupla que nos fazia felizes a cada fim de noite.

    Com o diagnóstico, Antero compartilhava suas memórias de infância, do Palmeiras ou do Palestra Itália. Dizia até de seus medos. Comentei muitos desses textos, dizendo da minha torcida pela sua recuperação. E ele, generoso que só, agradecia e trocava ideias com este modesto desconhecido.

    Já Silvio Luiz marcou minha infância com seus bordões e divertidas narrações. Jogo ruim não significava mau tempo. Um lance fácil desperdiçado era a deixa para um riso largado, irônico, maravilhoso.

    Se nem isso funcionasse, bastava a câmera perseguir um desdentado na plateia, uma senhora, um outro com seu rádio de pilha na arquibancada que a criatividade do locutor saltava aos olhos.

    Sua parceria na Band com Flavio Prado, Silvio Lancelotti e Giovani Bruno no campeonato italiano era um clássico dominical, revezado com vitórias do Ayrton Senna na Globo.

    Era um Carecone pra cá, um Alemão pra lá e o monstro Maradona no Napoli, a estufar as redes do guarda metas Walter Zenga, arqueiro do Milan, que na voz do Silvio Luiz parecia ser dono de grife.

    Saudades deste escrete de craques que nos deixa órfãos de sua grandeza, graça, criatividade e profissionalismo sem par neste 2024. Um abraço imenso aos familiares e amigos desses gigantes que estão nos deixando.

  • Cobri um evento externo para um cliente recentemente. O primeiro dia foi tão tranquilo que fui dispensado de estar lá no segundo dia de trabalhos.

    No entanto, de última hora, voltei ao evento. Corri ao banho, fiz telefonemas e, com o Mal de Parkinson se encorpando, não consegui sequer chamar um aplicativo na tela do celular, tamanho o meu tremor.

    O caso é que peguei ônibus e consegui chegar, esbaforido e cansado. Fui acalmando lentamente.

    Na hora do almoço, e aqui chego onde desejava, me estendi no trabalho e acabei me dirigindo a um Mc Donalds, localizado na Rua Teodoro Sampaio, zona oeste de São Paulo.

    Lá, a doce atendente Karina me ajudou a comprar meu lanche num totem. Fez mais, até porque expliquei meus tremores: ela levou o lanche numa bandeja até a mesa em que escolhi para consumi-lo. A jovem foi de uma doçura que tenho experimentado com muita compreensão por quem me vê chacoalhando em diferentes graus.

    À Karina, do MC Donalds da Teodoro Sampaio, envio meu mais gracioso agradecimento.

    Tremendo ou não, seguimos.

  • Noite dessas deixava o meu prédio para minha caminhada noturna quando dirigiu-se em minha direção, já na calçada, o Zé Pilintra.

    Eu já o encontrara duas vezes, vestindo guias, terno branco, sapatos idem e um chapéu panamá de fechar o trânsito. Uma estica espetacular.

    Desta feita vestia terno preto, chapéu preto e camisa preta, com detalhes em vermelho no pescoço.

    Quando o vi, não me fiz de rogado e até o saudei:

    “Esse é o cara, esse é o cara”.

    Zé Pilantra não sorriu dessa vez, nem fez menção de nada. Encarou-me – não mais do que brevemente – e seguiu seu rumo pela Avenida Ipiranga, no coração do centro velho de São Paulo.

    Corri à internet para apurar o significado de tantas aparições da entidade. Eis que encontrei o que segue:

    “Quando Zé Pilintra aparece, pode ser um sinal de proteção, orientação espiritual ou até mesmo um aviso sobre situações que precisam ser enfrentadas. Ele também é associado à resolução de problemas, principalmente relacionados a questões amorosas, financeiras e de justiça”.

    De todo jeito, estou consultando minha prima que bate um tambor maravilhoso para me dizer com certeza se a coisa anda feia ou mais ou menos para o meu lado.

    Ao que ela me sugeriu, Zé Pilintra é um sujeito noturno, da rua, festeiro. Ela se admirou de entidade não ter sido receptiva.

    Encontrei numa loja próximo de casa uma imagem do cidadão. Estava quase comprando quando minha prima barrou a aquisição:

    “Lugar de Zé Pilintra é na rua. Jamais o convide para sua casa”.

    Conselho acolhido, vou deixar o “malandro” circulando impávido pela noite paulistana.

    Oremos.

  • Mal dormi. A ansiedade me abraça e nem minha cannabis medicinal dá conta. Mas o caso é que precisava escrever e, como fiz por noites adentro ao longo dos últimos anos, cá estamos.

    Voltarei alguns anos no tempo, a título de introdução. Há quase 28 anos um acidente de carro levou o caçula da nossa turma do Partenon, Marcelo da Silva Nunes.

    Antes de morrer, Marcelinho, como carinhosamente o chamávamos, pediu para o Marcio Barbosa atar o cinto de segurança no banco da frente. Não era obrigatório naqueles dias como, felizmente, se tornaria tempos depois.

    Marcelinho não afivelou o seu no banco atrás do motorista. O carro capotou e ele sofreu traumatismo craniano severo. Na ambulância que o socorrera para o Hospital Centenário, de São Leopoldo, meu irmão Sandro Leite lhe apertava a mão para impedir que nosso amigo se fosse.

    No dia seguinte, outros irmãos Jackson Lopes e Renato Farias me comunicaram que nosso parceirinho fora ressuscitado pelos médicos enquanto eles o visitavam. Lembro do Jackson, olhos rútilos, levando às mãos ´à cabeça com essa notícia.

    Eu e Jefferson Marcanth, que passou a ser o caçula da turma com a saída de cena do Marcelinho, nos aproximamos demais nessa crise. E posso apostar que, mesmo de longe, nunca nos abandonamos, qual fosse a situação.

    Volto aos dias de hoje ou à noite passada. Na crise do que chamo de “Katrina gaúcho” fui colher notícias no sul de como estavam meus familiares e amigos ao telefone. Acabei não podendo ir caminhar à noite, com tantos relatos.

    Minha mãe e irmã, por exemplo, estão há dias sem água, mas com energia elétrica ao menos. E seguras, felizmente, já que estão no alto do Partenon, na zona leste de Porto Alegre. Mercadinhos e até o velho Zaffari têm problemas de estoque de produtos. Falta água.

    Meu primo Luis Fernando, que mora no litoral norte, revelou que o movimento em Cidreira era de alta temporada. A praia virou rota de fuga para muitos que tem casa. E mesmo para quem não tem morada alguma na praia. Muitos aguardam ajudam na colônia de férias da Brigada Militar.

    Na Serra Gaúcha, meus irmãos Gabriel Izidoro e família e João Victor de Oliveira, este último após dez horas de viagem, estão refugiados e aparentemente seguros.

    Em Porto Alegre, Patrícia Meira está com a mãe internada. A situação é complexa e rezo por elas. Minha guaibeira das antigas, Fabiane Moraes, também é um tanto meu porto seguro, feliz que estou que ela está a salvo.

    Na capital, Alessandro Varela, José Fernando Cardoso, da Unisinos para a vida, seguem na luta bravamente, assim como meu irmão Luis Eduardo Oliveira da Silva, que me narrou em detalhes os horrores da enchente em suas saídas de carro pela cidade. Luisinho e uma de suas filhas atuam juntos na área de saúde. Estão, eles sabem, entre meus heróis dessa tragédia.

    Minha prima Gisele e sua mãe Dalva aguardam cirurgia de retirada de vesícula da Gi num hospital da zona norte. Sem água e comida – a cozinha foi desativada e os pacientes se alimentam de marmitas – não se sabe quando o procedimento ocorrerá.

    Do lado de casa, no Partenon, Evelena Rodrigues, a quem agradeço, cuida dos seus e da minha mãe e minha irmã também. E lhe sou e serei grato eternamente.

    Por São Paulo, gente de ontem e de hoje me abraça entre preocupada e disposta a ajudar, qual seja a forma. Cito Mariana Ghirelo, que pegou dengue e que mesmo assim me enviou mensagens de apoio. Gláucia Milício, a minha eterna Glau Gadot, a ausente mais presente da minha vida. Até a ruiva Marina Diana que, inesperadamente, me procurou e me aqueceu o coração.

    Henrique Veltman e às famílias Gueller e Gutierres, que hoje são minha família, me procuram full time para saber notícias. Os Garotos da Javari e meu colegas de trabalho, que me veem tremendo pelo Parkinson a cada almoço – cenário agravado pela crise no sul – também merecem crédito.

    De Santa Catarina, Simone Lemes, amor de uma juventude feliz, me apoia. Nos apoiamos, na verdade. De Fortaleza, no Ceará, a doce Aline Carlos me ajuda com a nossa indefectível Rádio Clube dos Deprimidos, que me faz um bem danado, pasmem.

    Falarei da turma que abriu este escrito.

    Valesca Nunes, vizinha da Batista Xavier, irmã do Marcelinho, citado no começo deste escrito, segura a bronca de cuidar da casa e da própria mente em voo solo – Dona Reni, a mãe admirável, se foi neste ano.

    Marcio Barbosa conseguiu refúgio para si e seus familiares, ele que ficou com água pela cintura mesmo a bons metros do Guaíba na zona sul da capital.

    Na zona sul do estado, Sandro Leite e Jefferson Marcanth atuam como voluntários. Meu irmão Jackson Lopes reuniu empresários e comprou e distribuiu mantimentos para quem nada tinha.

    Meu irmão Leandro Luz está na luta também seja em Sapucaia do Sul, seja onde for, pois que o dever de salvar, eu sei, lhe é caríssimo

    A todos e aos heróis aqui citados, e mesmo aos não citados pela minha memória insone e fraca, a minha homenagem mais singela e emocionada. Força a todos e que, Oxalá, essa crise vá embora com a mesma velocidade com que bateu à porta das milhares de vítimas.

  • Herdei do meu pai, Emilio Bento da Silva, o pavor de abelhas. O velho sempre me dizia:

    “Se encostar em uma, vem um monte em cima da gente. Não encosta nelas de jeito nenhum”, me dizia em tom alarmista sempre.

    Lembro bem do jardim da minha avó Diamantina Laufer Passos. Logo ao acesso pela escada de entrada, as abelhas tomavam o manjericão e eu tenho pesadelos com aqueles bichos correndo em cima da nós.

    Corta para os dias de hoje:

    Moro num andar bem alto de um prédio no centro de São Paulo. E, em que pese eu já ter flagrado um “dengoso” Aedes aegypti dando rasantes em casa – o desgramado fugiu aos meus pescotapas – eis que dia desses flagrei uma abelha na janela da cozinha.

    E o meu dilema foi: passar a chinela na criança ou fazer com que ela fosse embora sem arranhões. Preferi dar um tempo.

    A bichinha tateava o vidro de cima abaixo e eu passei a ter com ela uma conversa surreal:

    “Filha, tanto céu lá fora e você aqui. Olha pra fora”.

    Talvez por 20 minutos a abelha ficou lá. E, felizmente, sem que eu percebesse, assim como ela chegou, se foi embora.

    E eu respirei aliviado.

  • São 16 anos em São Paulo completados nesta data.

    E, como não poderia deixar de ser, agradeço à minha mãe, Sandra Laufer Passos – recém e felizmente recuperada de um cateterismo – que segue apostando neste jornalista e na minha permanência na cidade. Sem ela, nada faria sentido.

    Agradeço à minha mama como agradeço a todos que contribuíram e contribuem com a minha jornada na maior cidade da América Latina. Todos (as) têm lugar cativo em meu coração e na minha história.

    Uma menção especial à minha querida dona Diva da Silva Passos, minha madrinha, que tanto me incentivou por igual e que completaria 105 anos nesta data.

    Antes do fim, um registro mais: a Ilha de Concreta chega a 15 anos de atividades. Avante.

    E grazie mile, São Paulo.

  • Eu, como alguns colegas, tenho ido trabalhar no escritório duas vezes por semana. E começo a perceber o meu crescente desconforto com o trânsito caótico da cidade.

    Dia desses, alarmado, soube de um acidente que travou a Avenida Rebouças envolvendo quatro carros. Não tive dúvida: apressei a saída de casa para tentar minimizar ou me habituar ao perrengue do caminho que me esperava.

    Para minha surpresa, passei pelo local e nem carro acidentado havia. Alívio. Mas sempre tem a volta, certo? Com certeza.

    Sempre costumo andar hora e meia da Faria Lima até a Estação Oscar Freire da Linha Amarela no retorno do escritório. Chegando na estação, pego o ônibus e em 10min entro em casa.

    Desta feira, o começo da rota foi acompanhado da minha doce colega Raine Oliveira.

    Chegamos ao ponto e percebi que Santo Amaro, na zona sul da cidade, está muito bem servido de transporte público: passaram ali ao menos dez ônibus num período de 45 minutos. Palmas.

    Passou Terminal Capelinha – talvez quatro coletivos – vários Vila Olímpia, outros tantos Vila Clara – em número muito inferior ao Santo Amaro, o grande campeão. Mas nada do Santa Cruz – da pintura cor de vinho – que levaria a Raine para casa.

    De repente, passou um coletivo em altíssima velocidade, sem chegar no ponto. Parecia atrasado. E passou voando de um jeito que não deu tempo de saber se era o Santa Cruz tão esperado.

    Eu já estava narrando a passagem de tantos ônibus alheios, quase todos lotados. Até que, finalmente, surgiu o coletivo: eu e Raine fizemos festa e cheguei a imitar Galvão Bueno com o “olhe o que ele fez”, porque o motorista fez menção de não parar no ponto, decisão que, felizmente, reconsiderou.

    Drama da Raine desfeito ou minimizado, lá fui eu andar. E cumpri meu rito até a Oscar Freire, lá pegando meu busão até o centro.

    É o fim do home office trazendo memórias e experiências no que São Paulo tem de pior: sua estrutura viária e de trânsito abomináveis.

  • Recebi em casa recentemente amigo que não via tinha vinte anos. Relembramos histórias e contei minhas tragédias.

    Nada disse da tua falta. Talvez tenha exibido alguma foto. Não dei teu nome nem endereço. Disse só, quase às lágrimas, do meu amor.

    E ele, o meu amor, cá não estava.

    O amigo e sua jovem senhora se foram. Eu fiquei com a madrugada. Só eu e ela. Não foi traição, embora pareça o que os jovens de hoje chamam de trisal. No meu caso foi só um reencontro. Éramos eu, a madrugada e a solidão a celebrar nosso destino.

    Liguei a TV. Vi corrida, achei um canal público exibindo a Luz do Tom, percorrendo do Poço Fundo ao Rio de Janeiro.

    Cocei espinha, arranquei carne, verti sangue, pensei em tomar banho. Desisti.

    Cadê você, amor meu? Berrei intimamente e em devolutiva recebi silêncio.

    E eu, na longa dor do pecador que vara noites adentro, verti choro leve, porém denso. E, de alguma forma, me desfiz um tanto de certo sufoco.

    Mas sempre te amando, mesmo em teu silêncio.

    O dia vem vindo. Urubus majestosos se esquivam entre os prédios da grande e sufocante Ilha de Concreto em que vivo.

    Majestosos urubus. E penso sempre no Tom quando vejo um dado seu voo leve, curvilíneo, acrobático, rasante, delicado e poético até. Ai, cadê você que amo tanto e silencia teimosa ante este meu berro louco de amor?

    Só sei que dói. Aqueço a parte da cama que lhe compete. Te espero inútil. E com o coração inda a transbordar certa esperança, que só eu tenho, que só meu coração tem. E que me faz teimosamente vivo e um tanto sofredor.

    Onde andas tu, meu amor? Prefiro nem pensar.

    Prefiro crer que em algum recôndito teu ainda existo, ainda expresso, ainda amo, ainda desperto, desespero, mas sem destempero, que a entrada em anos me ensinou a sofrer em voo solo.

    Um voo em círculos, nem tão majestoso quanto o descrito pelo Tom, quanto os urubus que passeiam à minha vista e me fazem voar com eles. Voar ao teu encontro, quem me dera.

    O sol vem vindo. Meu amor, minha derradeira quimera, inda e teimosamente te espero. Não me deixe sem aviso, me deixe com o seu riso e seu corpo e alma nus.

    Escrevo já em pé, que a má circulação não me permite fazê-lo sem as pernas e pés e sentidos dormentes de saudade.

    Lá vou eu despedir-me do dia, quando amanhece o dia. Envolto em delícia, carícia, saudade do que não mais se viveu, desde que você se foi.

    Até a volta, se volta houver.

  • Dia desses, ao longo de uma caminhada, fui parar na esquina das avenidas Henrique Schaumann e Rebouças, no coração da zona oeste de São Paulo.

    Ali naquele lugar, há alguns bons anos atrás, roubei o beijo de uma pessoa, um dos grandes amores da minha vida. Bem, o relacionamento já é coisa do passado, claro. Mas sempre que vou ao lugar, eu lembro da cena e da surpresa (agradável, registre-se) da pessoa com meu ato.

    Recentemente, no mesmo lugar, encontrei um cartaz colado à parede de um prédio que dizia mais ou menos assim:

    “O nosso amor acabou. Vai viver”.

    Não sei se o cartaz foi obra daquela minha amada ou se foi o destino dando seus recados. Li o texto do cartaz e segui caminho. E que, Oxalá, sigamos assim.