Ilha de Concreto

Num País de leitores de títulos e linhas finas – quando muito se chega ao lead de um texto no jargão jornalístico – a Ilha de Concreto segue abrindo caminho com alguns textões, muita música, reflexões, entre outros. A você, raríssimo leitor, que chega por aqui e prestigia este cronista, envio um comovido agradecimento. e o convite para divulgar aos seus contatos essa nossa aventura.

Tag: Silas Malafaia

  • Voltei em sonho ao Partenon e para um tempo estranho na casa da rua Alcindo Guanabara, em Porto Alegre.

    Ingressei no quarto hoje ocupado por minha mama e fui à janela. Era uma manhã de sol e flagrei umas seis ou sete crianças no pátio vendendo balas e doces. Olhei para trás, flagrei minha avó materna, dona Diamantina, e a questionei daquela gurizada no pátio.

    “Tu já tinha visto isso?”

    Minha avó, sempre zelosa da casa, no entanto, sequer reagiu. Saí ao pátio e coloquei todo mundo pra correr. Pularam o muro para fora incrédulos da minha reação.

    Minha avó veio logo atrás mas, sem mudar o tom de voz, dizia conformada.

    “Deixa os guri (sic). Estão sempre por aí”.

    Voltei para dentro de casa e um tête a tête me aguardava. Encontrei meu padrasto, com quem falo o básico há anos dado que ele é um fervoroso defensor de Silas Malafaia e sua trupe, povo que eu quero ver empalado por grandes cruzes giratórias na maior velocidade possível.

    Na conversa, meu padrasto me indagava porque meu irmão Everson Passos o tratava tão mal. Donde fui avassaladoramente sincero:

    “Não tente ganhar meu irmão. Ele te odeia. E não é pouco. Esqueça”.

    De repente, em outro cômodo, surgiu meu pai. Outro tête a tête. Meu velho estava sem entender muita coisa, mas o caso é que se sentia incomodado. Apanhei-o pelas mãos, sentamos frente a frente em dois bancos e lhe disse que estava tudo bem. Seus olhos verdes brilhavam arrebatados.

    Momentos depois, eu, meu padrasto e minha mãe embarcamos no gol vermelho do meu padrasto. Pegamos uma estrada e ele prometia nos levar à praia. Indaguei:

    “Sabe o caminho?”

    “Não”, respondeu ele entre risos.

    Fomos parando de acesso em acesso e o sonho acabou sem que víssemos o mar, como desejado.

  • Agora conto a mais genial. Meu padrasto tem uma vasta biblioteca em casa. Alguém perguntará:

    – Hum, que tal um Brecht, Kafka, Proust???

    Nananinanão. Meu padrasto tem diversas brochuras que versam sobre Jesus, o pecado, a luxúria, como ludibriar o próximo, etc, não necessariamente nessa ordem.

    Eis que um dia o sujeito compra uma estante para organizar os volumes de literatura duvidosa. E minha mãe, tal como o adolescente que picha muros, apanhou um a um os livros e escreveu maravilhosamente a palavra Judas, em muitas páginas.

    O outro então, sempre que chegava em casa, sintonizava o RR Soares ou um DVD do Silas Malafaia em sua TV velha – proibi que a tela gigante que dei à minha mãe reproduzisse aquele lixo – e, ato contínuo, abria um livro.

    – Quando ele leu, fiquei só de riso – disse-me a mama, como que a revelar uma peripécia.

    Estou louco para voltar ao sul e gravar nos volumes o complementar e fundamental “Xô Satanás”.

    Anderson Passos

  • Mônica Bergamo e sua equipe entrevistaram o cramunhão. Eis a íntegra do texto divertidíssimo, aliás.

    “Não estou em concurso de beleza”, diz pastor Silas Malafaia

    O pastor carioca Silas Malafaia, 54, está com a faca na mão. Serra ao meio uma segunda baguete enquanto anuncia sua “visão expansionista”. “Vou abrir igreja no Brasil inteiro, minha filha”, afirma, enquanto toma lanche no intervalo de um dos dois cultos que celebrou no fim da tarde de terça-feira, no Rio. Planeja inaugurar mil templos até 2020 –toca hoje oito obras pelo país, a um custo de R$ 25 milhões.

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    São Paulo é prioridade. “Logo, logo” vai “cair com tudo” na cidade. “Tenho pesquisado lugares. Não posso ter igreja para menos de 4.000 pessoas lá.”

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    O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, ramificação da Assembleia de Deus, maior grupo evangélico do país, lambuza o pão com margarina e corta uma fatia de queijo minas. Revela que está hoje à frente de 125 igrejas e de um rebanho de 36 mil fiéis. “Nosso crescimento é formiguinha, ‘vambora’, pá, pá, pá. Mas vamos chegar lá”, diz, entre goles de café com leite e suco de abacaxi.

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    É na base do “pão, pão, queijo, queijo” que o pastor diz levar a vida. E uma proeza ele já conseguiu na capital paulista: virou a estrela da eleição municipal. Pautou o debate por uma semana ao dar apoio a José Serra, do PSDB, e dizer que iria “arrebentar” o petista Fernando Haddad por causa dos materiais para combater a homofobia preparados pelo MEC –que chama de “kit gay”.

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    A Folha revelou que o tucano distribuiu material semelhante em São Paulo quando era governador –mas nem assim Malafaia mudou seu “voto”. Para ele, Serra “não é um grande orador, mas transmite sinceridade”. Já Haddad é “sa-fa-do”.

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    Ao mesmo tempo, Malafaia diz que “não é criança” para “vender seus princípios” a partido “x” ou “y”. No Rio, por exemplo, é PT: apoia o senador Lindbergh Farias para o governo do Estado em 2014. Já o governador Sérgio Cabral (PMDB) recebe polegar para baixo por não vetar “leis trabalhistas que beneficiam homossexuais, monte de porcaria”. Afirma se opor à “cultura de privilégios” disseminada “pelos ativistas gays”.

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    “O pessoal pensa que sou um radical xiita? É tudo gay, vamos metralhar, ‘pou, pou’? Não!”, diz enquanto simula com a mão um fuzilamento. Ele quer é converter o pessoal. E defende que a igreja seja “pronto-socorro” para quem quer deixar de ser homossexual. “Deus não fez bissexuais nem andróginos, fez macho e fêmea. Sinto repulsa. Aquilo é uma perversão.” Se um de seus três filhos (Silas, Talita e Taísa) fosse gay? “Amaria 100% e discordaria da prática 100%.”

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    Em 2010, Malafaia estampou centenas de outdoors no Rio. Ao lado de sua foto, lia-se: “Em favor da família e da preservação da espécie humana”. Acha que “ninguém nasce gay. Cadê a prova do cromossomo homossexual?”. Essa condição seria “aprendida ou imposta pelo ser humano, um ser de ‘copiagens’ de comportamento”.

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    São 19h quando Silas Malafaia termina a refeição e volta ao púlpito para o segundo culto do dia na sede de sua igreja, na periferia da cidade. Pede ao público que aplauda Anna Virginia Balloussier. “Tem uma repórter aqui da Folha. Quando jornalista pede pra vir, digo que a gente não tem nada a esconder.” Cerca de 2.000 fiéis batem palmas. Alguns gritam “amém”. Sua imagem aparece no telão ao discursar.

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    Vaidoso, se diz “pobre, mas limpinho”. Revelou à coluna que fez implante no cabelo em 2011. “Tinha umas ‘careca’. O tapa-buracos aqui foi legal”, afirma, apalpando onde ficavam as entradas. Lembra que seu médico, de Recife, também atende José Dirceu. “Mas não tenho nenhum elo com esse cidadão, pelo amor de Jesus Cristo.”

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    Malafaia está há três décadas na TV. Hoje compra horários na programação de Band, RedeTV! e CNT e é dublado em canais dos EUA (ele queria aprender inglês, “mas cadê tempo, com essa vida louca?”). Ele se reconhece como um dos líderes religiosos mais acessíveis à imprensa -dá o número do celular e “a cara a tapa” a quem for.

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    Não raramente saem faíscas dessa relação. Naquele dia, no início da pregação, citou um jornalista que falou “do absurdo da igreja em usar cartão de crédito ou débito [para pagar o dízimo]”. “Engraçado, pra ir ‘prum’ motel pode usar cartão, pra comprar bebida também. Pra dar oferta, não? Vai ver se tô na esquina, vai plantar batata!”

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    Por ano, a Assembleia de Malafaia arrecada oficialmente R$ 50 milhões com ofertas. Ele calcula que 60% sejam quitadas por meio de máquinas da Cielo. “Era um preconceito miserável em relação a nós. Como se constrói templo? Como se paga despesa? Desce anjo do céu e fala, ‘taqui’, pastor?”

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    A voz do orador com 30 anos de experiência ricocheteia pelo ambiente. Na primeira fila, de bata rosa estampada, está sua mulher, a pastora Elizete, 53, com quem se casou, “virgem”, aos 21 anos. Às vezes aponta o dedo para o lado ao pregar, como uma versão gospel de John Travolta no musical “Grease – Nos Tempos da Brilhantina”. “Tem gente que pensa que igreja é formada de ‘analfabestas’, um bando de idiotas manipulados pelo maior malandro possível que é o pastor. Como se ninguém aqui fosse formado em nada.”

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    Meia hora antes, no lanche com outros pastores, aproximou a boca do gravador da repórter para criticar a Folha. “Um cara faz um editorial elogiando o ‘kit gay’. Ou é demente ou é petista mesmo, com vontade. Editorial ri-dí-cu-lo!” Gesticula a ponto de quase encostar na comida seu terno de US$ 470, comprado na Flórida (“esse, no Brasil, custa entre R$ 3.000 e R$ 4.000”).

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    A birra com “o seu Haddad” aumentou nos últimos dias. “A minha bronca é que ele agora vem com conversa fiada de que sou o submundo quando fala de misturar religião e política.”

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    Conta que, em 2010, foi procurado pela então candidata à Presidência Dilma Rousseff. Teria passado 15 minutos com ela ao telefone explicando que não a apoiaria por causa da polêmica do aborto –ela já havia dito em entrevistas que defenderia a descriminalização, posição da qual recuou na campanha.

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    Foi de Serra. Mas a presidente Dilma, depois de eleita, o cativou. “Diante de mais de 3.000 prefeitos querendo redistribuir royalties do petróleo, ela não afinou, não. Gostei de ver, é estadista.”

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    Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek são admirações. Lula também, “mas essa imagem tem caído um bocado. O cara faz acordo com [Paulo] Maluf. E descia o pau, na época de líder sindical, nesses caras da ditadura”.

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    “Em 1989, apoiei Leonel Brizola e depois Lula, quando ele era o Diabo no meio evangélico. Na época, o [bispo Edir] Macedo chegou à igreja [Universal], abriu a camisa escrita Collor e chamou Lula de Diabo.” Em 2003, virou o representante evangélico do “conselhão” de Lula, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Não foi convidado pessoalmente pelo presidente, e sim indicado por parlamentares. “Lá, eu era o cara. Agora, sou o submundo da política.”

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    “Já viu o jogo como é? Humanistas, ateus, filósofos, operários, sindicalistas, líderes comunitários… Todo mundo pode falar. Aí os ‘esquerdopatas’, quando fala um pastor… ‘Não mistura religião com política.’ Que história é essa? Sou cidadão e pago imposto. Tenho direito de manter minhas falas baseadas nas minhas crenças.”

    *
    E ele gosta de falar. Formado em teologia (Instituto Bíblico Pentecostal) e psicologia (universidade Gama Filho), aposta que é o pastor que “ganha as ofertas mais altas” para falar em conferências. “De R$ 3.000 a R$ 100 mil.” Há 25 anos, diz, abriu mão de um salário da igreja. Estima que hoje estaria recebendo R$ 70 mil mensais.

    *
    De família tradicional de pastores da Assembleia de Deus, filho de um ex-combatente da Marinha e de uma pedagoga, assumiu a liderança da Vitória em Cristo em 2010, com a morte do sogro.

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    Ele e a mulher vivem numa casa de dois andares num condomínio na zona oeste do Rio, com a empregada “há 26 anos conosco” e uma cadela da raça labrador que Malafaia não lembra o nome. Têm como vizinhos “o coroa” (Ary Fontoura) e “aquela menina que apresenta um programa de sexo” (Fernanda Lima).

    *
    Morar em SP? “Deus me livre!” Ainda assim, a cidade é o queijo para a faca em sua mão. “Há um apelo muito grande, e eu vou chegar lá”, afirma, pondo fé em sua “abrangência nacional”. “Não tenho medo de dar minha cara a tapa, não estou nem aí se alguém não está gostando. Não estou em concurso de beleza.”

    Anderson Passos

  • Posso dizer que convivo com esse filho da puta de nome Silas Malafaia desde os tempos em que morava no sul. Naquela época, e ainda hoje, meu padrasto endeusava esse canalha e, claro, dizia à minha mãe que eu deveria estar possuído pelo diabo ou algo assim. Meu padrasto, um evangélico xiita, como Malafaia, só admitia ler os livros do raivoso pastor.

    Diante do fato de que Malafaia, como outros neopentecostais, não toleram as diferenças, me sinto super à vontade de escrever e divulgar o quanto esse sujeito me provoca ódio e asco. Ele não se ofenderá. Não sou ninguém como ele também tem pouco significado para este escriba.

    Farei a seguir uma confissão: houve um tempo em que, se me oferecessem algum trocado e uma concreta fonte de fuga, eu me ofereceria para matá-lo com penoso sofrimento para o pastor, claro. Hoje, diminuí o facho. Isso porque matar esse vagabundo, salafrário e cretino ator canastrão só o consagraria.

    Sou a favor de que gente como esse Malafaia seja tratado com especial atenção: tal como uma Scania passando lentamente sobre suas pernas. Sim, quero vê-lo gritar. Mas de horror. E isso me arrancaria boas risadas.

    Noticia-se por aí que Malafaia vai abrir um templo em São Paulo. Torço, por ele e por mim, que seja longe da minha casa. Mais ainda, que eu jamais cruze com esse meliante da fé na rua. Posso, no mínimo, escarrar-lhe na cara.

    Outra de minhas torcidas é que, se o candidato que ele atacou vencer a eleição domingo que vem, essa igreja caça-níquel do senhor Malafaia seja devidamente expulsa da cidade.

    Anderson Passos

  • Dia desses, mais precisamente no final da semana passada, abri os comentários aqui do blog e li um dos mais objetivos já produzidos. Um sujeito ou sujeita cravou assim:

    “Vc já é um demonio em pessoa”.

    Grifo exatamente como recebi o texto. E aprovei o comentário, basta ler o blog com algum apuro mais e lá estará ele.

    Se cada evangélico neo-pentecostal, que deixa suas economias na mão de um pastor que lhe promete uma vaga no céu, estiver com nojinho de mim, atingi plenamente o meu objetivo.

    Um comentário desses me soa não apenas lisonjeiro, como também me dá uma divertida alegria.

    Se cada neo-pentecostal ver em mim um endemoniado, o cramunhão escarrado, o capeta endiabrado, eu agradeço. Meu padrasto, um desses evangélicos xiitas fã de Silas Malafaia, me acusava de estar endemoniado. Logo, busquem outra ofensa se o objetivo era esse.

    Disse outro dia e repito: não sou nem serei jamais candidato a coisa nenhuma, do ponto de vista eleitoral. Afinal, há quem sustente que é preciso agradar evangélicos para ganhar eleições. Não preciso dessa mácula no meu currículo.

    Não sou a Dilma que tem que empregar um pastor no ministério para agradar essa gangue que, em nome de um atarefadíssimo Jesus Cristo ou deus qualquer, promete maravilhas a essas mentes desprovidas de massa cinzenta e crítica. Quer dizer, crítica não pois que eles são os primeiros a caçar demônios, mesmo onde eles não existem.

    Bem, nesta Ilha de Concreto ele, o demônio com acento “ecxiste”. E, tal como Ricardo Teixeira, está “cagando um montão” para a fé ignorante num deus vingativo à falta dos dízimos de seus fiéis. Aliás, desde logo convido o ou a comentarista a um belo banquete no inferno. Eu pago a conta, já que sou o próprio Belzebu e dono do bolicho.

    Anderson Passos

  • Eu quero abrir esse texto e dizer o seguinte: eu sou o maior, o maior ladrão de deus. Sim, eu sou o próprio cramunhão!!!

    Levanto a tese uma vez que Mara Maravilha, desaparecida e gorda que está, resolveu dar o ar de sua graça e dizer que o sujeito que não paga dízimo rouba de deus.

    Donde reforço. Sou o maioral dos criminosos, se o caso é este. Não dou um único tostão para igreja nenhuma. Nem darei jamais. Isso me diminui? Não mesmo, ao menos para mim.

    O deus a que Mara Gordamaravilha se refere é uma criatura dadivosa, mas que, se não recebe o seu dinheirinho, torna-se uma criatura vingativa que destrona com a vida dos seres humanos.

    Esse deus, que pouco se diferencia de um dono de banco e que supostamente vive nessas catedrais nababescas, foi criado por um Edir Macedo da vida, por um Valdemiro Santiago, por um Silas Malafaia, por um RR Soares, por uma Sônia e Estevam Hernandez que, muito espertamente, lucram – e pra caralho – com isso. Nesse aspecto criativo, eu confesso que os invejo. Afinal, é tão fácil fazer milhões. A turma aí de cima tem a receita.

    Espero que o Ministério Público os consulte sobre isso.

    E não me venham com essa palhaçada de Estado laico. Se faz dinheiro, tem que pagar imposto. E muito. E retroativo. Vai quebrar a igreja católica? Não sei nem me interessa.

    Falando dos neopentecostais de araque enumerados acima, basta dizer que enquanto esse pessoal possui nababescas mansões fora do País ou compra a preço de ouro horários na TV aberta para divulgar seus “atos divinos”, os cegos desgraçados que frequentam esses templos continuam numa redondíssima merda.

    Sim, quando solto muitos palavrões num texto significa que estou e fico muito irritado com a exploração dessa gente cega e de cérebro derretido por essa ideia maluca de que Jesus voltará, de que o julgamento final vem aí. É preciso ser um absoluto palerma para cair numa vigarice dessas. O deserto cerebral é a maior desgraça que já assisti nesses meus quase 40 anos.

    Anderson Passos

  • Desde que escrevi sobre o caso Aldo Bertoni, acusado de molestar sexualmente fiéis de sua seita, igreja, wathever – cuja parte do conteúdo foi utilizada sem autorização no portal de uma tal Igreja Apostólica, que até então eu desconhecia – passei a vivenciar uma sensação estranha e raramente vista neste blog: o crescimento abundante da audiência.

    Desde a última sexta-feira (9/9), quando protestei aqui contra a deturpação do meu texto, mais de 200 visitas aconteceram. Só na sexta foram 118 visitas, um recorde absoluto. Parece que deu resultado o protesto pois que, clicando no site da tal igreja antes de finalizar este escrito, o texto plagiado deste blog já não constava na defesa do suposto “pastor tarado”.

    Houve também comentários – dois deles aprovados – que advertiram ou se solidarizaram diante da cara de pau da Igreja Apostólica. Não houve críticas a Edir Macedo, donde coço a cabeça e presumo que há entusiasmados fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) passeando por aqui. Se assim for, azar deles. Ou não.

    Também teve internauta rezando em altos brados nos comentários, no que foram devidamente censurados, sim, posto que aqui não é fórum do senhor, muito pelo contrário. E sempre que alguém orar, vai levar chumbo. Este aqui é um espaço de opinião do blogueiro. Querem rezar? Faça-o na sua intimidade, na sua igreja, onde for. Aqui não é e nem será o fórum.

    A esses corajosos todos que clicaram aqui, evangélicos, neopentecostais ou não, segue meu humilde agradecimento. E o aviso de que estão navegando em terreno minado pois que gente como Edir Macedo, Valdemiro Santiago, Silas Malafaia são personas non gratas ao blogueiro, como deveriam ser pelo Brasil e pelo mundo afora.

    Anderson Passos

  • Outra noite, vendo minha mãe em frente à televisão, meu padrasto, que é evangélico xiita – aqueles cuja massa encefálica derreteu graças a horas repetidas de Silas Malafaia em áudio, vídeo, livros e o que mais se queira – desafiou minha mãe.

    “Sandra, tu não é capaz de citar um Salmo. Pecado gravíssimo”, desatou ele.

    A véchia pequenina, ergueu os olhos, estufou o peito e aceitou o trololó do outro.

    “Claro que sei sim”, respondeu a mama.

    O outro, como um Napoleão de casaca, fez brotar um sorriso quase satânico do rosto e completou.

    “Eu e ELE somos todo ouvidos”.

    E veio a patada triunfal da minha mamita.

    – Pois lá vai. Respira fundo que as palavras estão me chegando (pausa). Chegou. Diz o Salmo: está na hora da sua novela.

    E a véchia ligou a TV e passou a assistir às aventuras dos personagens globais enquanto o outro quase lançou lágrimas de esguicho pelo pecado sem precedentes da minha mamita.

    Anderson Passos